No mercado financeiro, a precificação dos ativos financeiros, principalmente os relacionados a empréstimos e hipotecas, tem como base a London Interbank Offered Rate, conhecida pelo mercado como LIBOR.
A LIBOR é a taxa de juros mãe para a precificação de ativos e é calculada com base nas expectativas de taxas de juros a serem implementadas em contratos pelos bancos de todo o mundo, entretanto, esse índice tende a ser substituído pela SOFR.
O que é LIBOR?
A LIBOR é o acrônimo para London Interbank Offered Rate, taxa que tem como foco o cálculo dos empréstimos que são realizados entre instituições financeiras com sede fora de Londres, mas que apresentam negociações dentro da Inglaterra.
Por esse motivo, a LIBOR pode ser definida como uma taxa referencial, utilizada como base para representar a taxa de juros negociada entre os bancos, mercado interbancário, para os empréstimos de curto prazo.
Ela teve sua criação em meados da década de 1980, quando a British Bankers´ Association (BBA) criou a taxa. Somente no ano de 1986 que as primeiras mensurações da taxa foram publicadas.
Assim, essa taxa serve como balizador para as taxas dos empréstimos que são ofertados no mercado internacional.
O seu cálculo é realizado através de um valor médio de taxas negociadas pelo mundo, com base em 7 períodos distintos e em 5 moedas diferentes.
Importante lembrar, que a London Interbank Offered Rate serve como um benchmark, sendo utilizada até mesmo para o cálculo de produtos financeiros como opções, contratos de swap e juros.
Como é realizado o cálculo da taxa LIBOR?
O primeiro passo para entender como a taxa LIBOR é calculada, é lembrar que ela não leva em consideração as operações que se realizaram, isto é, aquelas concretas, pois nem todas as instituições negociam de forma diária.
Nesse sentido, todos os dias, perto das 11 horas da manhã, os bancos enviam quais são as taxas esperadas para negociar os empréstimos dentro do mercado de câmbio para a Thomson Reuters.
Ao realizar o levantamento, a Thomson Reuters aplica um filtro nas taxas recebidas, excluindo as 25% mais altas e mais baixas, após ordená-las.
Com essa amostra, 50% das medianas são utilizadas para que se chegue ao valor da taxa média e, com isso, a taxa LIBOR é calculada.
Entre as moedas utilizadas para o cálculo da London Interbank Offered Rate, tem-se:
- Dólar americano;
- Libra esterlina;
- Euro;
- Yen japonês;
- Franco suíço.
Assim, por se tratar de uma taxa que engloba as maiores moedas negociadas globalmente, a taxa ganhou muito notoriedade e, por esse motivo, passou a ser utilizada como taxa referencial.
Importância da taxa LIBOR
Sem dúvidas, a taxa LIBOR é uma das mais importantes e relevantes dentro do mercado financeiro, uma vez que serve como base para inúmeros produtos disponibilizados no mercado.
Nesse sentido, ela é utilizada pelas instituições financeiras como um benchmark para delimitar quais serão as suas taxas de juros no momento de liberar crédito, mas também serve como parâmetro para a estruturação de outros ativos.
Dentre esses ativos, os profissionais da área financeira tendem a olhar para a London Interbank Offered Rate no momento de precificar swaps e opções.
Uso prático da LIBOR
Apesar de parecer distante do dia a dia da população, é importante lembrar que a taxa LIBOR tem inúmeras aplicações práticas para o mercado financeiro.
Nesse contexto, é possível ver a sua utilização nos casos de:
- Produtos de swap e futuros;
- Produtos de empréstimo ao consumidor, como as hipotecas;
- Produtos colateralizados, como é o caso dos CDO, notas de exercício e exigíveis;
- Hipotecas com taxas variadas e empréstimos sindicados.
Soma-se a essas aplicações, a utilização dessa taxa de juros como uma forma de demonstrar qual é a expectativa que o mercado tem para as taxas de juros que serão finalizadas.
Além disso, está intimamente relacionada aos prêmios de liquidez que serão pagos em instrumentos do mercado monetário.
Dessa forma, a taxa LIBOR apresenta diversas aplicações para o mercado financeiro, sendo um indicador de como anda a saúde do sistema financeiro de modo abrangente.
Fim da taxa LIBOR e os impactos nos contratos de empréstimo internacionais
Mesmo sendo utilizada para diversas aplicações e instrumentos no mercado financeiro, desde meados de 2017 foi decidido que as taxas LIBOR teriam as suas publicações encerradas até ao final do ano de 2021.
O fim da taxa se deu por conta de um dos maiores escândalos financeiros ocorridos no mundo no ano de 2012 e, que teve a LIBOR como pano de fundo.
Nesse ano, os banqueiros de inúmeras instituições financeiras de renome conspiraram entre si para manipular a taxa, fixando valores que os beneficiassem e, por esse motivo, iniciaram diversos questionamentos a respeito da validade da LIBOR.
Com esse cenário, para que existisse uma forma de metrificar as taxas de juros pelo mundo, os bancos centrais passaram a calcular de forma independente, mas sem que uma delas fosse adotada de forma geral.
Nesse contexto, eles passaram a utilizar como base as respectivas Risk Free Rate de cada país.
Alguns exemplos de taxas que passaram a circular no mercado e, tendem a substituir a LIBOR, são:
- Overnight Financing Rate (SOFR), taxa representativa das operações nos Estados Unidos;
- Sterling Overnight Index Average (Sonia), referente às operações do Reino Unido;
- Euro Short-Term Rate (ESTR), da União Europeia;
- Tokyo Overnight Average Rate (TONAR), taxa japonesa;
- Swiss Average Rate Overnight (SARON), taxa do Franco Suiço.
É importante salientar que a mudança de padrão para o cálculo das taxas e o fim da LIBOR impactam diretamente o cálculo dos juros e dos preços de transferências financeiras.
Considerações Finais
Como descrito no decorrer do artigo, a London Interbank Offered Rate foi o benchmark para a precificação de instrumentos financeiros durante muitos anos.
Porém, com a descoberta dos escândalos envolvendo a sua manipulação por parte dos banqueiros mais influentes do mundo, foi necessário substituir a taxa mãe de todas as operações.
Assim, a LIBOR será substituída, entretanto, ainda não foi decidido qual será o novo benchmark para que as instituições financeiras precifiquem seus empréstimos, contratos de opções e swaps.