Análise Fundamentalista: tudo o que você precisa saber para investir

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Na busca pelo sucesso no mundo dos investimentos, muitas estratégias são recomendadas por analistas de investimentos. Dentre essas estratégias, a análise fundamentalista é praticamente unânime entre os estudiosos da área.

A análise fundamentalista consiste em uma série  de interpretações sobre importantes indicadores e características do negócio para definir se vale a pena investir naquela empresa ou não.

  1. O que é a análise fundamentalista?
  2. Para que serve a análise fundamentalista?
  3. Como funciona a análise fundamentalista?
  4. Vantagens da análise fundamentalista
  5. Principais indicadores da análise fundamentalista
  6. Diferenças entre análise fundamentalista e técnica
  7. Como se tornar um analista: o que devo saber e fazer?

O que é a análise fundamentalista?

A análise fundamentalista é um tipo de estudo que considera a saúde financeira, econômica e setorial de uma empresa para definir se o investimento na mesma faz sentido ou não. Um dos principais objetivos da análise fundamentalista é conseguir entender os melhores momentos para adquirir bons ativos para conseguir o melhor retorno possível a longo prazo.

Dessa maneira, um dos principais objetivos da análise fundamentalista é conseguir entender os melhores momentos para adquirir bons ativos para alcançar o melhor retorno possível a longo prazo.

Para entender como está a saúde financeira das empresas, algumas ferramentas são indispensáveis para o analista fundamentalista na hora de avaliá-las, como:

  • balanço patrimonial das empresas;
  • indicadores financeiros;
  • evolução dos resultados do negócio;
  • indicadores macroeconômicos e setoriais.

Ao analisar esses documentos e indicadores, o analista pode concluir se é possível esperar um futuro de crescimento para o negócio e, consequentemente, de valorização para quem comprar ações da empresa. 

Importante lembrar, que esse tipo de análise é muito utilizada por investidores simpatizantes do Value Investing, tão difundido por Warren Buffett, um dos maiores investidores do planeta.

Portanto, compreender bem o conceito de análise fundamentalista é essencial para um profissional que trabalha com investimentos. Seja ele um analista ou um consultor de investimentos.

Para que serve a análise fundamentalista?

Uma vez que a análise fundamentalista é uma forma de mensurar como está a saúde financeira das empresas, ela tem como principal objetivo avaliar se aquela determinada ação é ou não um bom investimento.

Por essa razão ela é primordial para aqueles investidores que tem como horizonte de investimentos o longo prazo, permitindo que eles entendam qual o cenário atual da empresa e quais as perspectivas para os próximos anos.

Dessa maneira, ao realizar a análise do mercado, será possível identificar as melhores opções de investimentos, sempre com segurança e com uma abordagem abrangente, permitindo ao investidor maior tranquilidade independente dos rumos do mercado.

Como funciona a análise fundamentalista?

Como dito anteriormente, uma série de ferramentas (ou fundamentos) são utilizados para a análise fundamentalista. Portanto, para entender como funciona a análise fundamentalista, é indispensável compreender a divisão dessa estratégia sobre 2 aspectos: micro e macroeconomia.

A microeconomia refere-se a questões intrínsecas da empresa e a situação dos seus concorrentes. Portanto, os principais fatores microeconômicos para a análise fundamentalista são:

  • gestão da empresa: análise sobre os responsáveis pelas principais tomadas de decisões dentro da companhia;
  • insumos e bens de produção: análise sobre os custos do negócio e, consequentemente, margens de lucro da empresa;
  • análise de concorrência: comparar resultado e os próprios indicadores com empresas que concorrem o mesmo mercado.

Contudo, questões exógenas às empresas não podem ser deixadas de lado. Afinal, a empresa depende muito do ambiente no qual está inserida. Portanto, entre os principais fatores macroeconômicos para a análise fundamentalista estão:

  • taxa de juros: sobre a ótica do investimento, determina o piso do rendimento esperado pelos empresários. Ou seja, quanto menor, melhor será para os investimentos em empresas;
  • inflação: a inflação é o aumento geral do nível de preços. Em situações de descontrole inflacionário, alguns setores são fortemente prejudicados;
  • PIB: o PIB mede o nível da atividade econômica em determinado país. Crescimentos ou expectativas positivas relacionadas ao PIB, são bons para o ambiente de negócios como um todo.

Vantagens da análise fundamentalista

Aqueles que escolhem seguir a análise fundamentalista de ações apresentam como principal vantagem não ter a necessidade de acompanhar o sobe e desce do mercado diariamente, ficando em frente ao home broker, uma vez que seu foco é o longo prazo.

Ainda, ela auxilia o investidor a montar uma carteira focada em acumulação e rentabilização do patrimônio, o qual vem do seu trabalho diário. Dessa forma, ela é excelente para quem deseja construir uma carteira com foco na aposentadoria.

Além disso, por conta de sua característica intrínseca, ou seja, descobrir divergências entre preço das ações e o real valor das empresas, ela permite maior segurança e menores riscos aos investidores.

Principais indicadores da análise fundamentalista

análise fundamentalista

É interessante conhecer quais são os principais indicadores utilizados para que a análise fundamentalista seja feita. Lembrando que não são apenas estes indicadores que permitirão uma análise precisa. É necessário conhecer bem a empresa como um todo.

Entre os principais indicadores fundamentalistas, estão:

Índice P/L

O Preço/Lucro, ou somente P/L, é o indicador mais comumente usado para avaliar o quão atrativo está o preço de uma ação no mercado se comparado ao preço de ações de outras empresas do mesmo setor.

  • P/L = Preço da Ação/Lucro por Ação (LPA)

Em geral, se o resultado do cálculo que resulta no P/L é baixo, a ação está com preço atrativo no mercado, ou seja, ela está barata.

  • P/VPA

O P/VPA é o indicador que nos mostra quanto o investidor está disposto a pagar pelo ativo. Quanto mais elevado o indicador, mais cara a ação.

  • P/VPA = Preço da Ação/Valor Patrimonial da Ação (VPA);
  • VPA = Patrimônio Líquido/Número total de ações

EBTIDA

O EBTIDA, sigla em inglês para Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization é o índice que ajuda a analisar o desempenho operacional da empresa mensurando sua produtividade e eficiência dentro do setor de atuação.

Embora muitas empresas usem o termo Ebitda em suas demonstrações, algumas adotam sua tradução para o português, LAJIDA, sigla para Lucro Antes do Juros, Impostos, Depreciação e Amortização.

A fórmula para calcular o Ebitda/LAJIDA é a seguinte:

  • EBITDA = Lucro Operacional Líquido antes dos Impostos + Depreciação + Amortização + Juros

DY

O Dividend Yield (DY) é outro importante indicador da análise fundamentalista, sobretudo para investidores que buscam aplicações com foco em dividendos.

Ele mostra ao analista o retorno em proventos que determinado dividendo gerou nos últimos 12 meses com base em cotações atuais. Para calcular o DY o analista deve usar a seguinte fórmula:

  • Dividend Yield = Dividendos pagos nos últimos 12 meses/Preço da ação

Outros importantes indicadores

Além dos indicadores introduzidos, vários outros são essenciais para a análise fundamentalista. Portanto, alguns indicadores que vale a pena pesquisar e conhecer mais a fundo, são:

  • ROIC;
  • ROE;
  • Margem líquida;
  • Margem EBTIDA.

Além disso, é muito útil estar atento ao preço de commodities e a indicadores macroeconômicos, como a taxa de juros previamente citada.

Diferenças entre análise fundamentalista e técnica

Por conta da pluralidade existente no mercado financeiro, existe mais de uma forma de analisar os ativos, sendo as mais comuns a própria análise fundamentalista estudada até aqui e a análise técnica.

Assim, é essencial entender quais são as diferenças entre essas duas formas de análise de ações.

Enquanto a fundamentalista busca encontrar divergências entre preço e valor, com foco no longo prazo, a análise gráfica tem por objetivo encontrar pontos nos gráficos dos ativos para movimentos de curto prazo, sempre visando o maior lucro possível em cada operação.

Por essa razão, a análise técnica está intimamente relacionada a especulação com os ativos de renda variável e utiliza os dados em tempo real das cotações para definir, em conjunto com indicadores de volatilidade, média e volume, os momentos de entrar ou não nos ativos.

Em resumo, podemos elencar as seguintes diferenças entre a fundamentalista e a gráfica, respectivamente:

  • Análise os balanços das empresas x Analisa o gráfico dos ativos;
  • Foco no longo prazo x Foco no curto prazo;
  • Precisa aguardar os resultados trimestrais x Pode realizar análise diariamente;
  • Investidor mais conservador x Investidor Arrojado com perfil de trader.

Portanto, se você tem perfil mais analítico e deseja construir uma carteira para longo prazo deve utilizar a análise fundamentalista. Por outro lado, se deseja obter maiores rentabilidades no curto prazo, estude e utilize a análise técnica.

Análise de fundamentos

Como o próprio nome diz, a análise fundamentalista de ações tem como base a utilização de fundamentos para servir de base na hora de tomar a decisão se é ou não um bom investimento alocar os recursos em determinado ativo.

Basicamente, pode-se dividir a análise de fundamentos em cenário micro e macro do ambiente da empresa, ou seja, avaliam-se os números intrínsecos ao negócio e o mercado em que ela atua.

Dessa maneira, os fundamentos utilizados quando o analista fundamentalista decide estudar determinada empresa passam por:

  • Como está nível de atividade da economia, ou seja, números do PIB, desemprego, inflação;
  • Taxa de juros e taxa de câmbio e seus impactos para o negócio;
  • Qual o tamanho da empresa frente ao mercado, isto é, seu market share;
  • A capacidade instalada, tecnologia e a possibilidade de novos players no ramo de atuação;
  • Análise das demonstrações contábeis.

Portanto, é literalmente realizado um “pente fino”, tanto dos dados de mercado quanto dos números históricos da empresa.

Dessa forma, o analista poderá entender se o cenário macroeconômico e as características da empresa fazem com que investir nela seja ou não uma oportunidade, definindo se é momento de alocar recursos ou ficar de fora.

Análise quantitativa e qualitativa

Apesar de, basicamente, a análise fundamentalista estar relacionada à saúde financeira das empresas, culminando em analisar os seus números, ela pode ser dividida em duas formas de análise: a quantitativa e a qualitativa.

Assim, no momento em que o analista fundamentalista inicia os seus estudos sobre as empresas, ele busca, primeiramente, entender todos os números do Balanço, da Demonstração de Resultados do Exercício e do Fluxo de Caixa.

Esses dados estão ligados a análise quantitativa da empresa e irão demonstrar como está a capacidade de geração de caixa e como estão os lucros presentes, para que ele possa mensurar os lucros futuros.

Por outro lado, muito além dos números da empresa, é essencial entender como está a estrutura da empresa, desde a sua governança até o seu potencial de crescimento.

Esses dados não podem ser mensurados via números, sendo comum que os analistas busquem realizar visitas às empresas que desejam investir e recomendar, para conseguir extrair o máximo possível de informações sobre o negócio que não estão presentes nos números.

Dessa maneira, uma boa análise fundamentalista de ações alinha os dados quantitativos aos dados qualitativos da empresa.

Como se tornar um analista fundamentalista: o que devo saber e fazer?

Para se tornar um analista de investimento no Brasil, independente da lógica utilizada, é necessário obter a certificação CNPI.

A Certificação Nacional do Profissional de Investimento (CNPI) é emitida pela Apimec, que é a mais importante associação de investidores e analistas no país. Ter esse tipo de certificação, além de ser essencial para o desempenho lícito da função, prepara o investidor para conseguir aconselhar e levar outros investidores a atingirem bons resultados.

Para isso, o profissional deve se submeter a uma prova de 60 questões que deve ser realizada em no máximo 2 horas, cobrindo assuntos que vão desde técnicas de investimentos até conduta e relacionamento com clientes. O candidato deve acertar, no mínimo, 40 questões para conseguir emitir a sua certificação.

Após emitir a certificação, o investidor já estará apto, de acordo com a CVM, para atuar como analista de investimentos. Portanto, para quem deseja ser analista de investimentos, conhecer a fundo a análise fundamentalista é essencial para ser um profissional diferenciado, que leva seus clientes a bons resultados em suas aplicações.

Guilherme Almeida
Guilherme Almeida
Bacharel em Economia e Especialista em Finanças Corporativas e Mercado de Capitais pelo Ibmec-MG. Mestrando em Estatística pela UFMG, atua como professor, palestrante e porta voz das áreas de economia e finanças, tendo concedido mais de mil entrevistas para os principais meios de comunicação. Atualmente, leciona matérias ligadas à Economia e ao Mercado Financeiro em cursos preparatórios para certificações financeiras, além de ser o Economista-Chefe do departamento de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG).