No mercado financeiro, uma das metodologias que mais tem relevância é a do bottom-up, conceito muito utilizado em análises fundamentalista e por diversos Analistas de Valores Mobiliários.
Dessa forma, para aqueles que buscam ingressar profissionalmente no mercado financeiro, o conhecimento sobre o que é o bottom-up é fundamental nessa trajetória.
O que é o bottom-up
Junto com o top-down, o bottom-up é o método mais utilizado no momento de se realizar uma análise fundamentalista. Na tradução livre “debaixo para cima”, essa metodologia nada mais é do que a análise feita partindo do entendimento”micro” da empresa, chegando até a parte “macro” do negócio.
Ou seja, a análise em relação a um negócio é feita a partir de um estudo detalhado de seus balanços, somente após completar essa etapa, são entendidos outros fatores como: setor no qual a empresa está inserida e economia geral do país no momento, por exemplo.
Dessa forma, essa metodologia se torna uma das ferramentas mais importantes para investidores e analistas que utilizam do conceito fundamentalista em suas atividades.
Contudo, antes de nos aprofundarmos no método, vamos entender melhor o que é a análise fundamentalista.
Análise fundamentalista
Uma das práticas mais comuns para investidores de renda variável, a análise fundamentalista consiste em um estudo acerca da situação financeira de empresas, suas políticas internas, o segmento de mercado no qual está inserida e a economia em geral daquele momento.
Com base nesta análise compreende-se os riscos e benefícios de se investir em determinado ativo.
Ou seja, essa é uma das principais ferramentas utilizadas pelos investidores na hora de comprar uma ação.
Não à toa, investidores históricos como seu precursor, Benjamin Graham, e o maior investidor da história, Warren Buffett, a utilizaram ao longo de suas jornadas de investimentos na bolsa de valores.
Vale ressaltar que essa metodologia de análise também ganhou muita relevância para investidores que focam sua atuação em investimentos de longo prazo.
O principais conceitos que envolvem esta técnica são:
- escolha do investimento baseado nos fundamentos acerca da empresa listada;
- análise de indicadores como receita, lucro e patrimônio, para estipular o valor aproximado de uma ação;
- consideração do lucro líquido aliado ao fluxo de caixa futuro na construção do valor de uma ação;
- estipular se aquela ação é mais vantajosa se pensada no médio ou longo prazo.
A partir desses fundamentos é que se forma uma análise fundamentalista.
Também é possível perceber a importância do método bottom-up para que uma análise deste tipo seja feita.
Afinal, um dos principais passos do bottom-up está ligado ao entendimento do contexto financeiro e político no qual a empresa está inserida.
Como é feita a abordagem bottom-up
O investidor que utiliza o bottom-up para análise deve considerar, especialmente, quatro pontos, estando eles na seguinte ordem:
- Análise individual da empresa;
- Análise do setor no qual a empresa está inserida;
- Entendimento do contexto setorial;
- Análise econômica.
Ou seja, primeiro é realizado um estudo amplo aos fatores ligados à empresa, após isso, busca-se um entendimento do mercado no qual ela está inserida e, por fim, um panorama econômico maior.
Nesse sentido, o investidor deve, por exemplo:
- analisar os balanços financeiros de empresas em todo histórico de atuação das empresas ;
- analisar indicadores como ebitda, endividamento, fluxo de caixa, distribuição de dividendos, entre outros;
- comprar o negócio com outras empresas do mesmo setor, buscando mapear vantagens e desvantagens das opções escolhidas para se investir;
- compreender o momento econômico vivido pelo país e mundo como um todo, entender como isso pode impactar a empresa, especialmente no médio e longo prazo.
Todos esses passos são de suma importância e utilizados com frequência por investidores que utilizam o método bottom-up.
Essa prática é muito comum aos investidores fundamentalistas que utilizam buy and hold em seus investimentos.
Quando bottom-up pode ser aplicado?
Normalmente, o método bottom-up é utilizado com frequência na análise de ativos que estão em três tipos de indústrias. São elas:
- Cíclica;
- Anti-cíclica;
- Crescimento.
Indústria cíclica
Na indústria cíclica estão localizadas empresas de setores no qual a volatilidade econômica afeta de forma mais direta suas atividades.
Ou seja, variações econômicas ligadas a índices importantes, como PIB e inflação, têm impacto direto em seu valor.
Por exemplo, essas empresas tendem a acompanhar as variações do PIB, tanto quando ele cresce, como quando ele decresce.
Assim, para investidores, sua grande vantagem também pode ser sua principal desvantagem, afinal tanto seu crescimento pode ser alto em um prazo menor, quanto sua queda tende a ser mais abrupta.
Nessa indústria encontram-se empresas dos setores automobilístico, imobiliário, especialmente construção civil, bens duráveis, entre outros.
Indústria anti-cíclica
Como a nomenclatura já indica, a indústria anti-cíclica é o oposto da cíclica.
Ou seja, as variações econômicas tendem a afetar menos empresas que estão localizadas neste tipo de indústria.
Isso porque as empresas desse setor continuam comercializando seus produtos, independente do contexto econômico.
Ao mesmo tempo que isso traz mais segurança aos investidores, o período de expansão desses negócios é mais controlado.
Nessa indústria encontram-se empresas que atuam com a produção de bens não duráveis, com destaque para negócios na área de alimentação e farmacêutica.
Indústria em crescimento
Na indústria em crescimento existem empresas que conseguem se expandir de forma rápida, independente do contexto econômico.
Assim, é possível que seu crescimento seja mais acelerado que o da própria economia.
Normalmente, investidores são atraídos por negócios deste tipo independente de dividendos e balanços adversos.
Isso se explica porque negócios que estão nesta indústria tendem a ter um alto potencial de crescimento no médio e longo prazo, especialmente pelo fator inovação.
Nessa indústria encontram-se empresas e startups que atuam nas áreas de tecnologia, biotecnologia, informática, entre outros.
Em conclusão, os investidores podem utilizar o bottom-up nas análises das ações de empresas dos três seguimentos.