Na busca pelo sucesso no mundo dos investimentos, muitas estratégias são recomendadas por analistas de investimentos. Dentre essas estratégias, a análise fundamentalista é praticamente unânime entre os estudiosos da área.
A análise fundamentalista consiste em uma série de interpretações sobre importantes indicadores e características do negócio para definir se vale a pena investir naquela empresa ou não.
- O que é a análise fundamentalista?
- Para que serve a análise fundamentalista?
- Como funciona a análise fundamentalista?
- Vantagens da análise fundamentalista
- Principais indicadores da análise fundamentalista
- Diferenças entre análise fundamentalista e técnica
- Como se tornar um analista: o que devo saber e fazer?
O que é a análise fundamentalista?
A análise fundamentalista é um tipo de estudo que considera a saúde financeira, econômica e setorial de uma empresa para definir se o investimento na mesma faz sentido ou não. Um dos principais objetivos da análise fundamentalista é conseguir entender os melhores momentos para adquirir bons ativos para conseguir o melhor retorno possível a longo prazo.
Dessa maneira, um dos principais objetivos da análise fundamentalista é conseguir entender os melhores momentos para adquirir bons ativos para alcançar o melhor retorno possível a longo prazo.
Para entender como está a saúde financeira das empresas, algumas ferramentas são indispensáveis para o analista fundamentalista na hora de avaliá-las, como:
- balanço patrimonial das empresas;
- indicadores financeiros;
- evolução dos resultados do negócio;
- indicadores macroeconômicos e setoriais.
Ao analisar esses documentos e indicadores, o analista pode concluir se é possível esperar um futuro de crescimento para o negócio e, consequentemente, de valorização para quem comprar ações da empresa.
Importante lembrar, que esse tipo de análise é muito utilizada por investidores simpatizantes do Value Investing, tão difundido por Warren Buffett, um dos maiores investidores do planeta.
Portanto, compreender bem o conceito de análise fundamentalista é essencial para um profissional que trabalha com investimentos. Seja ele um analista ou um consultor de investimentos.
Para que serve a análise fundamentalista?
Uma vez que a análise fundamentalista é uma forma de mensurar como está a saúde financeira das empresas, ela tem como principal objetivo avaliar se aquela determinada ação é ou não um bom investimento.
Por essa razão ela é primordial para aqueles investidores que tem como horizonte de investimentos o longo prazo, permitindo que eles entendam qual o cenário atual da empresa e quais as perspectivas para os próximos anos.
Dessa maneira, ao realizar a análise do mercado, será possível identificar as melhores opções de investimentos, sempre com segurança e com uma abordagem abrangente, permitindo ao investidor maior tranquilidade independente dos rumos do mercado.
Como funciona a análise fundamentalista?
Como dito anteriormente, uma série de ferramentas (ou fundamentos) são utilizados para a análise fundamentalista. Portanto, para entender como funciona a análise fundamentalista, é indispensável compreender a divisão dessa estratégia sobre 2 aspectos: micro e macroeconomia.
A microeconomia refere-se a questões intrínsecas da empresa e a situação dos seus concorrentes. Portanto, os principais fatores microeconômicos para a análise fundamentalista são:
- gestão da empresa: análise sobre os responsáveis pelas principais tomadas de decisões dentro da companhia;
- insumos e bens de produção: análise sobre os custos do negócio e, consequentemente, margens de lucro da empresa;
- análise de concorrência: comparar resultado e os próprios indicadores com empresas que concorrem o mesmo mercado.
Contudo, questões exógenas às empresas não podem ser deixadas de lado. Afinal, a empresa depende muito do ambiente no qual está inserida. Portanto, entre os principais fatores macroeconômicos para a análise fundamentalista estão:
- taxa de juros: sobre a ótica do investimento, determina o piso do rendimento esperado pelos empresários. Ou seja, quanto menor, melhor será para os investimentos em empresas;
- inflação: a inflação é o aumento geral do nível de preços. Em situações de descontrole inflacionário, alguns setores são fortemente prejudicados;
- PIB: o PIB mede o nível da atividade econômica em determinado país. Crescimentos ou expectativas positivas relacionadas ao PIB, são bons para o ambiente de negócios como um todo.
Vantagens da análise fundamentalista
Aqueles que escolhem seguir a análise fundamentalista de ações apresentam como principal vantagem não ter a necessidade de acompanhar o sobe e desce do mercado diariamente, ficando em frente ao home broker, uma vez que seu foco é o longo prazo.
Ainda, ela auxilia o investidor a montar uma carteira focada em acumulação e rentabilização do patrimônio, o qual vem do seu trabalho diário. Dessa forma, ela é excelente para quem deseja construir uma carteira com foco na aposentadoria.
Além disso, por conta de sua característica intrínseca, ou seja, descobrir divergências entre preço das ações e o real valor das empresas, ela permite maior segurança e menores riscos aos investidores.
Principais indicadores da análise fundamentalista
É interessante conhecer quais são os principais indicadores utilizados para que a análise fundamentalista seja feita. Lembrando que não são apenas estes indicadores que permitirão uma análise precisa. É necessário conhecer bem a empresa como um todo.
Entre os principais indicadores fundamentalistas, estão:
Índice P/L
O Preço/Lucro, ou somente P/L, é o indicador mais comumente usado para avaliar o quão atrativo está o preço de uma ação no mercado se comparado ao preço de ações de outras empresas do mesmo setor.
- P/L = Preço da Ação/Lucro por Ação (LPA)
Em geral, se o resultado do cálculo que resulta no P/L é baixo, a ação está com preço atrativo no mercado, ou seja, ela está barata.
- P/VPA
O P/VPA é o indicador que nos mostra quanto o investidor está disposto a pagar pelo ativo. Quanto mais elevado o indicador, mais cara a ação.
- P/VPA = Preço da Ação/Valor Patrimonial da Ação (VPA);
- VPA = Patrimônio Líquido/Número total de ações
EBTIDA
O EBTIDA, sigla em inglês para Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization é o índice que ajuda a analisar o desempenho operacional da empresa mensurando sua produtividade e eficiência dentro do setor de atuação.
Embora muitas empresas usem o termo Ebitda em suas demonstrações, algumas adotam sua tradução para o português, LAJIDA, sigla para Lucro Antes do Juros, Impostos, Depreciação e Amortização.
A fórmula para calcular o Ebitda/LAJIDA é a seguinte:
- EBITDA = Lucro Operacional Líquido antes dos Impostos + Depreciação + Amortização + Juros
DY
O Dividend Yield (DY) é outro importante indicador da análise fundamentalista, sobretudo para investidores que buscam aplicações com foco em dividendos.
Ele mostra ao analista o retorno em proventos que determinado dividendo gerou nos últimos 12 meses com base em cotações atuais. Para calcular o DY o analista deve usar a seguinte fórmula:
- Dividend Yield = Dividendos pagos nos últimos 12 meses/Preço da ação
Outros importantes indicadores
Além dos indicadores introduzidos, vários outros são essenciais para a análise fundamentalista. Portanto, alguns indicadores que vale a pena pesquisar e conhecer mais a fundo, são:
- ROIC;
- ROE;
- Margem líquida;
- Margem EBTIDA.
Além disso, é muito útil estar atento ao preço de commodities e a indicadores macroeconômicos, como a taxa de juros previamente citada.
Diferenças entre análise fundamentalista e técnica
Por conta da pluralidade existente no mercado financeiro, existe mais de uma forma de analisar os ativos, sendo as mais comuns a própria análise fundamentalista estudada até aqui e a análise técnica.
Assim, é essencial entender quais são as diferenças entre essas duas formas de análise de ações.
Enquanto a fundamentalista busca encontrar divergências entre preço e valor, com foco no longo prazo, a análise gráfica tem por objetivo encontrar pontos nos gráficos dos ativos para movimentos de curto prazo, sempre visando o maior lucro possível em cada operação.
Por essa razão, a análise técnica está intimamente relacionada a especulação com os ativos de renda variável e utiliza os dados em tempo real das cotações para definir, em conjunto com indicadores de volatilidade, média e volume, os momentos de entrar ou não nos ativos.
Em resumo, podemos elencar as seguintes diferenças entre a fundamentalista e a gráfica, respectivamente:
- Análise os balanços das empresas x Analisa o gráfico dos ativos;
- Foco no longo prazo x Foco no curto prazo;
- Precisa aguardar os resultados trimestrais x Pode realizar análise diariamente;
- Investidor mais conservador x Investidor Arrojado com perfil de trader.
Portanto, se você tem perfil mais analítico e deseja construir uma carteira para longo prazo deve utilizar a análise fundamentalista. Por outro lado, se deseja obter maiores rentabilidades no curto prazo, estude e utilize a análise técnica.
Análise de fundamentos
Como o próprio nome diz, a análise fundamentalista de ações tem como base a utilização de fundamentos para servir de base na hora de tomar a decisão se é ou não um bom investimento alocar os recursos em determinado ativo.
Basicamente, pode-se dividir a análise de fundamentos em cenário micro e macro do ambiente da empresa, ou seja, avaliam-se os números intrínsecos ao negócio e o mercado em que ela atua.
Dessa maneira, os fundamentos utilizados quando o analista fundamentalista decide estudar determinada empresa passam por:
- Como está nível de atividade da economia, ou seja, números do PIB, desemprego, inflação;
- Taxa de juros e taxa de câmbio e seus impactos para o negócio;
- Qual o tamanho da empresa frente ao mercado, isto é, seu market share;
- A capacidade instalada, tecnologia e a possibilidade de novos players no ramo de atuação;
- Análise das demonstrações contábeis.
Portanto, é literalmente realizado um “pente fino”, tanto dos dados de mercado quanto dos números históricos da empresa.
Dessa forma, o analista poderá entender se o cenário macroeconômico e as características da empresa fazem com que investir nela seja ou não uma oportunidade, definindo se é momento de alocar recursos ou ficar de fora.
Análise quantitativa e qualitativa
Apesar de, basicamente, a análise fundamentalista estar relacionada à saúde financeira das empresas, culminando em analisar os seus números, ela pode ser dividida em duas formas de análise: a quantitativa e a qualitativa.
Assim, no momento em que o analista fundamentalista inicia os seus estudos sobre as empresas, ele busca, primeiramente, entender todos os números do Balanço, da Demonstração de Resultados do Exercício e do Fluxo de Caixa.
Esses dados estão ligados a análise quantitativa da empresa e irão demonstrar como está a capacidade de geração de caixa e como estão os lucros presentes, para que ele possa mensurar os lucros futuros.
Por outro lado, muito além dos números da empresa, é essencial entender como está a estrutura da empresa, desde a sua governança até o seu potencial de crescimento.
Esses dados não podem ser mensurados via números, sendo comum que os analistas busquem realizar visitas às empresas que desejam investir e recomendar, para conseguir extrair o máximo possível de informações sobre o negócio que não estão presentes nos números.
Dessa maneira, uma boa análise fundamentalista de ações alinha os dados quantitativos aos dados qualitativos da empresa.
Como se tornar um analista fundamentalista: o que devo saber e fazer?
Para se tornar um analista de investimento no Brasil, independente da lógica utilizada, é necessário obter a certificação CNPI.
A Certificação Nacional do Profissional de Investimento (CNPI) é emitida pela Apimec, que é a mais importante associação de investidores e analistas no país. Ter esse tipo de certificação, além de ser essencial para o desempenho lícito da função, prepara o investidor para conseguir aconselhar e levar outros investidores a atingirem bons resultados.
Para isso, o profissional deve se submeter a uma prova de 60 questões que deve ser realizada em no máximo 2 horas, cobrindo assuntos que vão desde técnicas de investimentos até conduta e relacionamento com clientes. O candidato deve acertar, no mínimo, 40 questões para conseguir emitir a sua certificação.
Após emitir a certificação, o investidor já estará apto, de acordo com a CVM, para atuar como analista de investimentos. Portanto, para quem deseja ser analista de investimentos, conhecer a fundo a análise fundamentalista é essencial para ser um profissional diferenciado, que leva seus clientes a bons resultados em suas aplicações.