Para ingressar no mercado de capitais, existem uma série de práticas que as pessoas podem optar, e uma delas é através do chamado clube de investimento.
O clube de investimento é altamente benéfico principalmente por dois motivos: é possível fazer parte de algum sem possuir uma alta quantidade de recursos e até mesmo sem conhecer muito sobre renda variável.
O que é um clube de investimento?
Clube de investimento é um meio de aplicação de capitais, podendo ser feito em títulos e valores mobiliários que tenham característica de participação.
Contudo, vale lembrar que pelo menos 67% do capital que forma a carteira do clube deve estar investido em alguma das opções abaixo:
- ações;
- bônus de subscrição;
- certificados de depósitos de ações;
- cotas de fundos de índices de ações que são negociadas em mercados organizados, também chamados de ETFs (Exchange-Traded Funds) de ações;
- debêntures que podem ser convertidos em ações de emissão de empresas abertas; ou
- recibos de subscrição.
O restante do patrimônio pode estar aplicado em outros valores mobiliários, cotas de fundos, títulos públicos ou outros ativos.
Além disso, este tipo de associação é regulada pela Instrução CVM 494 da Comissão de Valores Mobiliários e também no Regulamento de Clubes da B3. Os clubes devem estar registrados em ambos os locais, na CVM e na B3, além de possuir estatuto social.
Quem pode administrar o clube de investimento?
Após entendermos o que são os clubes de investimento, um ponto que deve ser esclarecido é sobre a administração do mesmo.
A administração do clube deve ser feita por alguma instituição autorizada pela CVM. A empresa administradora pode ser dos mais variados tipos, como:
- sociedade corretora;
- distribuidora de títulos;
- banco de investimento;
- sociedade distribuidora;
- banco múltiplo com carteira de investimento.
Independentemente de qual seja a organização escolhida, ela é quem cuidará dos documentos necessários, dos registros perante a lei e do bom funcionamento do clube.
A gestão de carteira pode ser feita por um ou mais cotistas, desde que eleitos pela Assembleia Geral.
Sendo assim, quando falamos em como gerir um clube de investimentos, devemos ter em mente que isso pode ser feito por um cotista ou através de um gestor de investimentos.
Este último, por sua vez, é um profissional responsável pela compra e venda de ativos de fundos conforme os objetivos e políticas estabelecidas.
Para se tornar um gestor nessa área, é necessário ser habilitado pela Associação Brasileira das entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais, também conhecida como Anbima.
Sendo assim, se torna necessário possuir a certificação em CGA para poder atuar corretamente como um gestor de investimentos.
De toda forma, seja com um gestor de investimentos ou com um cotista, é necessário realizar uma assembleia geral para eleger o gestor do clube.
Como funciona este tipo de associação?
Um clube de investimentos é uma forma de investimento coletivo constituído por pessoas físicas.
Trata-se de um investimento inserido dentro do mercado de capitais, como citado anteriormente, onde são feitas aplicações sobre valores mobiliários e títulos, podendo ser ações ou derivativos.
Porém, para chegar a quantidade que cada um dos integrantes deve receber, o patrimônio do clube é dividido em cotas. Para se tornar um cotista, basta aplicar alguma quantia de recursos em um clube.
O retorno financeiro, no entanto, depende diretamente da valorização que as cotas recebem, fator que depende do aumento de valor que os ativos da carteira possuem.
Contudo, vale ressaltar que o clube é um investimento de renda variável, ou seja, de ativos financeiros que possuem um retorno imprevisível. Em outras palavras, podemos entender que não é possível ter certeza da rentabilidade do investimento.
Para os clubes, no entanto, o patrimônio recebe influência das oscilações do mercado e pode gerar perda de capital devido a desvalorização das cotas.
Sendo assim, é crucial sempre estar de olho nas políticas de investimento, bem como contar com um bom gestor neste tipo de veículo de investimento coletivo.
Quais as principais regras do clube de investimentos?
Cabe ressaltar alguns pontos sobre este tipo de investimento, que são:
- existe um número mínimo e máximo de participantes que fica entre três e cinquenta;
- é necessário que o clube possua um administrador autorizado pela CVM;
- o gestor possui papel fundamental para a instituição, mas ele não pode receber remuneração nem gerenciar mais do que um clube;
- a política de investimento do clube, que norteará a atuação do gestor, deve ser aprovada por uma assembleia feita com todos os cotistas;
- em operações que há lucro, o cotista deve pagar 15% de IR sobre o rendimento líquido ao realizar o resgate de suas cotas; e
- o resgate é um ponto que deve estar presente no estatuto do clube, principalmente tendo em vista que retirar recursos interfere na performance da carteira.
Como abrir um clube de investimentos?
Inicialmente, vale reforçar que o primeiro passo para quem deseja alcançar este objetivo é encontrar mais dois investidores, pois um clube de investimentos deve ter no mínimo três integrantes.
Além disso, outros dois tópicos são relevantes neste processo.
O primeiro tópico é o passo em que o grupo de abrir conta em uma instituição financeira com algum tipo de relação com o setor, como é o caso das corretoras de valores e os bancos de investimentos.
Em seguida, é necessário estabelecer regras internas referentes ao grupo de investimentos, sendo que devem ser considerados os seguintes pontos:
- Montante aplicado inicialmente por cada participante do clube;
- Prazo de duração que o clube de investimentos terá;
- Política de contribuição que cada participante deve ter;
- Convocação de reuniões e assembleias;
- Políticas de investimentos referentes ao clube;
- Estipulação de regras em contextos em que o participante está incapacitado ou faleceu durante a duração do clube.
Além disso, o clube também deve fornecer o nome que terá para CVM, que, após avaliar todas as questões, aprova ou não a criação deste grupo.
Dessa forma, o clube de investimentos e suas regras devem ser respeitados no processo.
Após a aprovação, o aporte inicial de cada participante do clube é realizado, sendo que a porcentagem de cotas que os integrantes possuem se refere ao valor investido por eles.
Afinal, quanto maior for o valor investido, maior será a participação que o indivíduo tem no clube de investimentos.
Por fim, vale destacar que este processo de construção do clube é de grande relevância para o resultado futuro.
Quais cuidados importantes ter com clubes de investimentos?
É preciso ter em mente que o investidor estará depositando seu patrimônio e, por vezes, seus objetivos naquele negócio.
Assim, é necessário se ter alguns cuidados antes de participar de um clube de investimentos.
Inicialmente, vale ponderar que este tipo de opção de investimentos está ligada à renda variável, isto é, produtos financeiros que possuem maior chance de retorno, porém, os riscos também são maiores.
Ou seja, por não estarem atrelados a um índice específico, a volatilidade deste produto financeiro é elevado.
Sendo assim, o investidor deve avaliar este contexto e entender sua aceitação aos riscos do mercado, pois, isso determinará seu posicionamento no mercado.
Além disso, é necessário considerar questões relacionadas à estrutura do clube de investimentos.
Por exemplo, entender quem pode administrar o clube de investimentos é uma destas questões, afinal, esta escolha determinará diferentes políticas aplicadas pelo clube, incluindo o tipo de investimento realizado.
Dessa forma, estas considerações são formas de se ter um maior controle sobre o que esperar de um clube de investimentos, principalmente em questões relacionadas ao risco e retorno.
Portanto, os cuidados na escolha de um clube de investimentos são parte relevante do processo.
Quais as vantagem de um clube de investimentos?
- maior ação dos membros na gestão da carteira;
- mais flexibilidade para ajustar a carteira com o perfil que o grupo de investidores possui;
- baixa taxa de administração;
- estrutura de gestão mais sucinta, comparando com a de um fundo de investimento;
- custos do clube de investimentos são mais baixos.
Portanto, os custos são mais baixos porque como não existem encargos com auditorias e fiscalização da CVM, as correspondências para os cotistas são em menor demanda e com menos detalhes.
Quais as diferenças entre fundos de investimentos e clubes de investimentos?
Por fim, separamos aqui as diferenças entre fundos de investimentos para os clubes, uma vez que existe uma confusão entre ambos os termos.
Uma das principais diferenças é o número de participantes. Enquanto no clube existe um mínimo de três e máximo de 50 cotistas, no fundo de investimentos a quantidade de participantes é ilimitada.
Além disso, para o primeiro temos a ação de todos os cotistas na decisão do investimento, mas sempre com orientação de quem administra o patrimônio.
Por outro lado, no também conhecido como clube dos fundos imobiliários, somente a empresa administradora toma as decisões, com independência e liberdade total.
Um dos principais exemplos ao falar sobre este tipo de fundo é o Clube dos FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário). Ele é considerado o instrumento mais eficaz para pessoas que querem investir em negócios de bases imobiliárias.
Uma outra diferença é a composição, afinal, nos fundos de investimentos não podem estar presentes pessoas físicas. Além disso, este tipo de ação é montado por instituições financeiras e segue diversas regras.
Já os clubes podem ser construídos e constituídos por pessoas físicas, basta entrar em contato com uma corretora. Em contraponto, nenhum cotista pode ter mais do que 40% dos patrimônios da carteira do clube.
Agora, uma desvantagem que o clube possui em relação ao fundo é a taxa administrativa superior. Somado a isso, existe ainda uma outra distinção entre ambos que é a quantidade de patrimônio que cada um possui, que é maior nos fundos de investimento.
Entretanto, o clube de investimento continua sendo um caminho eficiente para quem deseja começar a investir e aproveitar das vantagens oferecidas pelo mercado financeiro.