Growth Investing: a estratégia que alinha crescimento e bons resultados

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O mercado de capitais apresenta uma infinidade de estratégias de investimento. Dentre essas estratégias, aquela que apresentam um maior potencial de retorno é o Growth Investing.

O Growth Investing consiste, de forma resumida, em investir nas empresas negociadas em bolsa de valores que apresentam um elevado potencial de crescimento e que não estão no radar dos demais investidores. 

O que é Growth Investing?

O Growth Investing, pode ser traduzido de forma literal como o “investimento em crescimento”, isto é, a estratégia que busca por ações que apresentam um elevado potencial de crescimento, o que refletirá nas suas cotações em bolsa de valores.

De forma geral, os investidores que visam aplicar nessas ações buscam as famosas small caps, empresas que não são boas pagadoras de dividendos, mas que reinvestem seus lucros para que seja possível crescer de forma exponencial.

Nesse sentido, a estratégia de investimento pautada em alocar os recursos nas empresas de crescimento busca a valorização das ações de forma exponencial.

Entretanto, por se tratar de negócios com um maior grau de incerteza, o risco atrelado a essa estratégia é maior, por isso é importante identificar oportunidades e montar um portfólio diversificado.

Importante salientar, que o investimento em crescimento é a estratégia contrária aquela utilizada, de forma majoritária, por expoentes como Warren Bufftett.

Como funciona a estratégia de Growth Investing?

Apesar de ser uma estratégia muito difundida no mercado de capitais, não existe uma única forma de realizá-la, mas existem alguns critérios utilizados para a tomada de decisão.

Uma das formas de se analisar uma empresa e definir se ela é ou não uma empresa de crescimento foi desenvolvida por Philip Fisher, um dos maiores e mais conhecidos investidores em crescimento.

Para que seja possível avaliar uma empresa e definir se ela apresenta ou não potencial de crescimento, Fisher desenvolveu 15 pontos, que funcionam como um questionário.

  1. Os produtos e serviços disponibilizados pela empresa apresentam escalabilidade no mercado?
  2. A administração tem planos para criar novos produtos para quando os atuais estiverem esgotados?
  3. Qual a relação entre o porte da empresa e o seu investimento em pesquisa e desenvolvimento?
  4. Pode-se dizer que a empresa tem um nível acima da média do segmento no quesito organização nas vendas?
  5. Qual é a margem de lucro?
  6. Quais são os pontos que a empresa utiliza para manter ou elevar as margens de lucro atuais?
  7. Como é a relação entre funcionários e altos cargos?
  8. Como é a relação com os principais executivos?
  9. A forma de gestão da empresa é trabalhada de forma profunda?
  10. Como funciona a análise de custos e o controle das despesas?
  11. Quais são os indicativos de que a empresa poderá obter vantagens em relação aos seus concorrentes de mercado?
  12. Qual é a visão e a estratégia da empresa no curto e no longo prazo para os lucros e os resultados?
  13. O crescimento, após a sua evolução será pautada na redução dos proventos ou na emissão de mais ações no mercado?
  14. Como a empresa lida com os investidores sobre pontos favoráveis e desfavoráveis, bem como aos desafios enfrentados?
  15. A administração tem um grau de integridade inquestionável ou existe gargalos?

Assim, após responder todas essas perguntas, o investidor obterá uma visão melhor sobre o negócio e terá insumos para que seja possível decidir se irá ou não investir na empresa.

Por outro lado, também existe o método NAIC, acrônimo para National Association of Investors Corporation, que consiste nas seguintes indagações:

  • O crescimento apresentado pela empresa é consistente?
  • Quais são as perspectivas de crescimento da empresa?
  • Como ocorre a gestão dos lucros e dos custos por parte dos gestores?

Assim, para que seja possível responder a esses questionamentos, o investidor deverá procurar as informações históricas de crescimento da empresa, nos últimos 5 anos, pelo menos.

O NAIC recomenda um percentual entre 10% e 15% para o crescimento de uma empresa para que ela se enquadre na estratégia de Growth Investing.

Importante lembrar, que para corroborar a análise, principalmente no que versa a gestão, o investidor tem como insumos a margem de lucro, o Retorno sobre o patrimônio (ROE) e Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida).

Com essas informações e respondendo às perguntas do método NAIC, o investidor conseguirá distinguir se uma empresa deve ou não entrar em seu portfólio, levando em consideração o quesito crescimento.

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Quais são as diferenças entre Growth Investing e Value Investing? 

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Conforme mencionado no decorrer do artigo, o investimento em crescimento diverge daquele investimento em valor, tão difundido por Warren Buffett e Benjamin Graham.

Nesse sentido, o Growth Investing é classificado com uma das formas mais ofensivas de realizar investimentos, enquanto o Value Investing se caracteriza por ser mais defensivo, uma vez que compra grandes empresas com desconto.

Com isso, o investimento em valor tem como principal foco a conquista de uma renda passiva, a qual advém do recebimento de dividendos e outra formas de proventos que os acionistas têm direito.

Dessa maneira, se por um lado o Growth Investing se preocupa com a valorização das cotas e o crescimento do negócio, o Value Investing opta por alocar em ações de empresas de boa qualidade e que se provaram no tempo.

Soma-se a isso, o fato de que o investimento em valor busca as ações que estão sendo negociadas a um preço abaixo do seu valor justo, também conhecido como valo intrínseco.

Assim, a estratégia de investimentos pautada na seleção de empresas consolidas tem a união da valorização da cotação das ações e do recebimento de proventos.

Em contrapartida, aqueles investidores que optam pelo Growth Investing, não se importam com a compra das ações abaixo de seu valor intrínseco, uma vez que seu foco é o crescimento futuro das cotações.

Por esse motivo, quando comparadas, as estratégias apresentam elevada divergência quanto ao grau de risco, uma vez que enquanto o Value Investing é menos arriscado, o Growth Investing tem em sua essência o risco elevado, em troca de elevados potenciais de retorno.

Diferenças entre as ações de crescimento e as ações de valor

Além das métricas já apresentadas sobre como identificar se uma ação apresenta ou não característica de crescimento, é possível diferenciar as ações de crescimento das ações de valor de acordo com alguns indicadores.

Nesse sentido, pensando em indicadores fundamentalistas, as ações de crescimento apresentam múltiplos relacionados aos preços elevados, isto é, a sua relação preço/lucro é alta.

Isso ocorre devido as expectativas de crescimento dos lucros, as quais desaguam na cotação. Como o lucro dessas empresas ainda é pequeno, ao dividir o preço pelo lucro encontra-se um valor elevado para o P/L.

Nessa linha, ainda por conta das expectativas, as ações de crescimento apresentam uma volatilidade, variação nas cotações, maiores, principalmente no curto prazo.

Isso leva a um maior grau de risco associado a essas ações, o que vai em linha com as expectativas de retorno exponencial.

Por fim, conforme discutido em outros tópicos, essas ações não pagam dividendos e, por esse motivo, indicadores como o dividend yield não apresentam valores.

Por outro lado, as ações que se enquadram na estratégia de investimento em valor, tem por características os múltiplos de preço baixos, uma vez que já apresentam lucros elevados, e quando dividimos o preço pelo lucro, o múltiplo P/L fica baixo.

Além do P/L, o Value Investing apresenta outras métricas fundamentalistas interessantes, como o preço sobre valor patrimonial baixo e o rendimento dos dividendos, dividend yield, elevado.

Por essas características, as ações de valor são menos arriscadas, visto que já apresentam a prova do tempo a seu favor e balanços sólidos.

Qual é melhor: Growth Investing ou Value Investing?

Agora que você sabe diferenciar os dois tipos de estratégias de investimentos, a grande dúvida que fica é: qual a melhor, o Growth Investing ou Value Investing?

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Importante dizer, que essa luta entre as duas maneiras de realizar investimentos em busca de lucros já é antiga e existem expoentes em ambos os métodos. 

Um estudo realizado de forma conjunta entre o Bank of America e Merrill Lynch, demonstrou que em um período de 90 anos aqueles que utilizaram a estratégia de valor obtiveram retornos maiores do que os investidores em crescimento.

Se por um lado as ações de crescimento apresentaram um retorno médio no período analisado de 12,6%, as ações de valor obtiveram um retorno médio de 17% ao ano, para o mesmo período.

Entretanto, quando é realizado um recorte recente, com base em mercados de alta, com taxas de juros artificialmente baixas e uma grande expansão da economia, as ações de crescimento se beneficiam.

Por outro turno, as ações de valor tendem a se beneficiar no longo prazo, uma vez que as empresas consolidadas sabem lidar melhor com ciclos de alta e de baixa.

Dessa maneira, as duas formas de se expor ao mercado de ações apresenta os seus benefícios e os seus malefícios ao investidor.

Portanto, a melhor forma de montar um portfólio de investimentos é alinhando ações de Growth Investing com as ações de valor, mantendo um portfólio diversificado.

Guilherme Almeida
Guilherme Almeida
Bacharel em Economia e Especialista em Finanças Corporativas e Mercado de Capitais pelo Ibmec-MG. Mestrando em Estatística pela UFMG, atua como professor, palestrante e porta voz das áreas de economia e finanças, tendo concedido mais de mil entrevistas para os principais meios de comunicação. Atualmente, leciona matérias ligadas à Economia e ao Mercado Financeiro em cursos preparatórios para certificações financeiras, além de ser o Economista-Chefe do departamento de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG).