Dentro do mercado financeiro, é normal que ocorra uma variação de preços mensalmente. E para analisar esse cenário, o IBGE criou o IPCA, índice considerado como oficial pelo Banco Central do Brasil para essa função.
Para chegar a um valor final, o IPCA leva em consideração os preços de estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços no período entre os dias 1 e 30 do mês em questão.
O que é IPCA?
IPCA é o nome de um índice criado para analisar a variação de preços dentro do mercado de comércio. A sigla quer dizer Índice de Preços para o Consumidor Amplo, criada no ano de 1979 com o objetivo atender a cerca de 90% das pessoas que vivem em áreas urbanas do Brasil.
Além disso, ele é medido mensalmente de acordo com a variação de preços em uma série de produtos e serviços consumidos por famílias brasileiras.
O resultado obtido é uma indicação de três ações que os valores podem sofrer:
- aumento;
- diminuição; ou
- estável.
Assim, ele é o índice oficial, e mais importante, de acordo com o Banco Central do Brasil, para analisar se houve inflação ou deflação de um mês para o outro.
Consequentemente, esse índice é uma referência para as metas de inflação do nosso país e também para eventuais alterações na taxa de juros.
A partir do IPCA, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) analisa se o Governo está de acordo com as metas de inflação estabelecidas ou não.
Assim, conforme o resultado obtido por esse índice é analisado se a taxa Selic, taxa de juros do Brasil, será mantida, abaixada ou até elevada.
Existe, então, uma relação entre a taxa e o índice, uma vez que a Selic é considerado o principal mecanismo que controla o IPCA em nosso país.
Quando tem muito dinheiro em circulação, a Selic sobe a fim de reprimir a inflação. E no caso contrário, quando a inflação cai, o Banco Central incentiva o consumo para aumentá-lo por meio da redução de juros.
Para que serve esse índice?
Podemos entender que o IPCA IBGE é um índice fundamental dentro da estratégia de política monetária em nosso país.
Isso se dá uma vez que ele é o principal indicador de inflação, usado como referência no sistema de metas criado no ano de 1999.
Por meio dessa tática, o Brasil se empenha em utilizar estratégias para manter o índice de inflação dentro de uma faixa fixada pelo Conselho Monetário Nacional, a CMN.
Como exemplo, e para ficar mais fácil de entender, a meta para o ano de 2020 era de 4% ao ano, com tolerância de 1,5 percentual, para cima ou para baixo.
De tal maneira, para que seja respeitado o objetivo é necessário que o indicador esteja numa faixa entre 2,5% e 5,5% no fim do ano.
E como citamos anteriormente, a forma para estar de acordo com essa meta é por meio da taxa e juros, também conhecida como Selic.
Assim, se os preços começam a subir muito em um curto período, o juros é aumentado a fim de desestimular o consumo.
Em contrapartida, quando os custos estão mais baixos, em uma faixa considerada como controlada, é possível reduzir também a Selic, fomentando o consumo e estimulando a economia, consequentemente.
Se ao fim do ano o indicador não estiver entre valores estabelecidos, o presidente do BC deve se explicar com o ministro da Fazenda, apontando procedimentos tomados para voltar com a inflação em uma faixa de tolerância.
Além disso, é necessário que ele estipule em quanto tempo tudo deve retornar ao estágio aceitável. Tudo isso, porém, é conquistado através do índice IPCA, que é utilizado como base para todas essas ações.
Em outras palavras, podemos entender que esse indicador sempre está presente, regulando os preços em todas as compras, mesmo quando não vemos.
Além disso, ele também possui influência sobre a rentabilidade que os investimentos possuem, uma vez que está relacionado intimamente com a inflação.
Como o IPCA é calculado?
Antes de explicar como é feito o cálculo desse índice, vale pontuar que a IPCA anual representa o custo de vida de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos.
Porém, esse valor serve para algumas regiões metropolitanas e municípios que, juntos, possibilitam o valor total.
E de acordo com o IBGE, em 2020 a distribuição de porcentagem para o valor desse índice se dá da seguinte forma:
- São Paulo: 32,32%;
- Belo Horizonte: 9,74%;
- Rio de Janeiro: 9,41%;
- Porto Alegre: 8,59%;
- Curitiba: 8,05%;
- Salvador: 5,99%;
- Goiânia: 4,16%;
- Brasília: 4,09%;
- Recife: 3,93%;
- Belém: 3,91%;
- Fortaleza: 3,22%;
- Vitória: 1,86%;
- São Luís: 1,62%;
- Campo Grande: 1,51%;
- Aracaju: 1,02%; e
- Rio Branco: 0,51%.
São coletados dados de cada dessa lista entre o dia 1 e 30 ou 31 do mês nos seguintes setores:
- comércio;
- prestação de serviços;
- domicílios; e
- concessionárias de serviços públicos.
Para isso, são levados em considerações as seguintes características, que possuem pesos diferentes no cálculo:
- alimentação e bebidas;
- artigos de residência;
- comunicação;
- despesas pessoais;
- educação;
- habitação;
- saúde e cuidados pessoais;
- transportes; e
- vestuário.
Uma vez que foram obtidos os valores, é feita uma divisão entre 465 diferentes subitens dentro dessas categorias. O resultado obtido por essa divisão é o valor IPCA do mês em questão.
Além disso, é feita também uma comparação com os preços que esses produtos tinham no mês anterior. Assim, chega-se ao valor que representa o quanto o preço dos produtos que foram consumidos no período sofreu variação.
Vale ressaltar que esse valor obtido é chamado de acumulado, que é basicamente a média dos meses considerados.
Existe alguma forma de calcular o indicador sem depender dos resultados do IBGE?
Mês após mês o IBGE realiza a divulgação do resultado obtido por esse indicador. No entanto, existe uma forma a qual você pode realizar esse cálculo mesmo sem ter como base as porcentagens que cada categoria e itens possuem.
Essa conta é feita por meio da Calculadora do Cidadão, uma ferramenta disponibilizada no site do Banco Central, onde é possível descobrir o resultado desse indicador de forma eficiente e rápida.
E para isso, basta entrar no site e selecionar o IPCA como índice de interesse, bem como o período o qual será analisado. Além disso, deve-se colocar qual é o valor que será corrigido, ou seja, o valor que deseja analisar.
Feito isso, será feito o cálculo de forma automática, que mostrará o índice de correção do período, o valor percentual correspondente e o valor obtido na data final, ou seja, o valor inicial acredito ao percentual do período.
Como esse índice impacta a economia?
Para entendermos o impacto que a taxa IPCA possui na economia, é necessário lembrar que ela influencia a forma como ocorre a rentabilidade de aplicações.
Assim, esse indicador gera um impacto sobre a vida financeira tendo em vista que, por meio dele, são definidos os índices de inflação.
Quando a inflação está baixa se torna mais difícil de analisar a ação e a influência que esse indicador possui sobre a economia.
Uma maneira mais fácil de entender é por meio do significado das altas e baixas desse índice. Afinal, quando o índice sobe, perde-se poder de compra, uma vez que os produtos estão mais caros.
Dessa maneira, ocorre uma desvalorização do capital, fazendo com que seja necessário mais dinheiro para o consumo de algum produto em mesma quantidade.
Além disso, a variação desse indicador também possui influência sobre investimentos. Afinal, a alteração do valor dos produtos causa efeitos na rentabilidade das aplicações, ou seja, no valor recebido por quem realiza a aplicação.
Isso ocorre uma vez que eles são reajustados de acordo com o IPCA, podendo aumentar mais ou menos o saldo devedor em detrimento da inflação.
Existem alguns investimentos que estão diretamente ligados com esse indicador, como:
- títulos públicos;
- papéis bancários;
- debêntures; e
- fundos de inflação.
O lado positivo destes tipos de aplicações é a segurança de sempre conquistar uma rentabilidade positiva.
Por outro lado, quando ele desce o consumidor ganha mais capacidade de compra, uma vez que os preços abaixam também. Essa é a forma com a qual a inflação age: o salário não sofre alteração, mas o preço de algum produto ou serviço sim.
A inflação baixa é sinônimo de uma economia equilibrada no país, diferente da deflação, que normalmente indica uma crise econômica.
Diferenças entre IPCA, IPCA-E e o IPCA-15
Por fim, separamos abaixo o que diferencia este índice do IPCA-E e também do IPCA-15.
Em suma, todos possuem um mesmo objetivo, mas são adotadas metodologias diferentes para cada um deles.
O Índice de Preços do Consumidor Amplo-Especial (IPCA-E), por exemplo, é uma série diferente, divulgada pelo IBGE em um período de três em meses.
A principal diferença entre eles se dá pelo período o qual cada um vale e também na forma como são feitos os cálculos.
Já o IPCA-15, por sua vez, que é utilizado para compor o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, abrange do dia 16 do mês anterior até o dia 15 do mês de referência.
Consequentemente, entende-se que ele é uma prévia de como será o índice no período em questão. Além disso, esse indicador é usado para reajustar o IPTU, Imposto Predial e Territorial Urbano.
Por fim, tendo em vista que o IPCA e seus variantes influenciam nos investimentos, o aconselhado é tomar cuidado com a carteira de investimento e até contar com o auxílio de um administrador de carteira, a fim de evitar prejuízos.