O que é microeconomia? Saiba tudo sobre esse estudo de forma simples

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Você pode até não se dar conta, mas o preço do pãozinho do seu café da manhã ou a busca por novas estratégias na sua empresa passam por decisões econômicas. Essas decisões envolvem tanto questões maiores, como definições do governo federal, ou menores, ligadas às escolhas dos agentes, estudadas pela microeconomia.

Sempre que você decide comprar uma coisa, definir preços de outras ou, por exemplo, optar por plantar milho em vez de batatas no seu sítio, você está fazendo microeconomia. São decisões que parecem pequenas, mas que impactam no todo.

O que é microeconomia?

Microeconomia é o estudo do comportamento econômico individual ou particular, seja de consumidores, empresas ou produtores. São esses agentes que vão definir, por exemplo, a formação de preços e as escolhas de mercado, sempre com base na maximização da utilidade de cada um dos agentes.

Ela é baseada no princípio de que todos os recursos existentes são limitados. Isso influencia muito na decisão de compra das pessoas e na oferta de produtos pelo lado de empresas ou de prestadores de serviços.

Todas essas escolhas acabam por impactar a formação dos preços, as decisões de investimento e assim por diante.

É por isso que um dos assuntos mais estudados na microeconomia é a questão da oferta e demanda, conceito fundamental para a definição dos preços de mercado e da quantidade de bens e serviços na economia.

Em palavras mais simples, trata-se de uma “lei” que mostra que quando há muita oferta de um produto ou serviço, ou seja, quando ele é facilmente encontrado, os preços tendem a cair. No sentido oposto, quando eles se tornam escassos, os preços sobem.

Assim, de forma resumida, podemos dizer que a microeconomia atua baseada nos seguintes segmentos:

  1. formação de preços;
  2. ação dos consumidores;
  3. cadeia produtiva;
  4. atuação do consumidor dentro de determinado mercado.

Diferença entre microeconomia e macroeconomia

Como vimos, a microeconomia analisa a economia de maneira individual e, dessa forma, ela considera a ação dos agentes dentro de cada um dos mercados, de forma separada. Os agentes são os consumidores, empresas, produtores, prestadores de serviço, entre outros.

A microeconomia estuda os consumidores, a cadeia produtiva, a atividade econômica e a formação dos preços. É por isso que ela também é definida como a Teoria dos Preços. Essa teoria é a base dessa linha de estudo.

A macroeconomia, por sua vez, tem uma visão mais ampla, uma vez que ela analisa a economia do ponto de vista de larga escala. Esse ramo de estudo considera todos os agentes e os agrega no mercado nacional (como país) ou então em uma determinada região.

Essa visão macro permite que se calcule o Produto Interno Bruto (PIB) de um país, que se faça análise de desemprego e de inflação, que se tome decisões sobre taxas de juros, entre outros.

A partir dessas variáveis, a macroeconomia permite que se trabalhe com questões como distribuição de emprego e renda, medidas para tentar conter a inflação, estabilidade da moeda, entre outros.

Assim, a diferença entre microeconomia e macroeconomia fica mais clara.

Principais conceitos

O estudo de microeconomia inclui a análise de questões como trade-off, custo de oportunidade e custo marginal.

Trade-off

Trata-se da decisão de realizar alguma coisa em vez de outra, ou seja, priorizar. Por exemplo, quando você decide usar o dinheiro do seu 13º salário para viajar em vez de guardar. As relações consumo presente versus consumo futuro, e consumo versus lazer, são exemplos bastante comuns.

Custo de oportunidade

Pode-se dizer que, basicamente, é a mudança no custo a partir do aumento ou diminuição da produção total de bens, ou serviços dada a variação em uma unidade.

Quem consome, toma decisões após avaliar o ganho adicional que isso lhe dará. O mesmo vale para quem oferece o produto ou o bem.

A partir daí, você tem duas opções: trabalhar ou tirar seu descanso. Se for trabalhar, seu custo de oportunidade será contado a partir das suas horas de folga. Se decidir folgar, seu custo de oportunidade serão as horas extras que você deixou de receber.

Custo marginal

Pode-se dizer que, basicamente, é a mudança no custo a partir do aumento ou diminuição da produção total de bens ou serviços de uma unidade.

Quem consome, toma decisões depois de avaliar o ganho adicional que isso lhe dará. O mesmo vale para quem oferece o produto ou o bem.

Por exemplo, uma empresa que está produzindo muito de um determinado produto. Ela precisa avaliar se aumentar a produção será rentável, ou se vai representar apenas mais custos com a contratação de funcionários.

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Lei da oferta e da procura na microeconomia

Antes mesmo da criação do conceito de macroeconomia, inúmeros teóricos já estudavam um dos princípios basilares de uma economia, qual seja a famosa lei da oferta e da procura, que serve como norte para o desenvolvimento de toda a teoria econômica clássica e neoclássica.

De forma básica, essa lei busca entender, a partir das interações entre ofertantes e demandantes, qual seria o preço justo de um produto ou serviço, o qual sempre estaria sujeito as forças do mercado.

Nesse sentido, ao procurar entender os aspectos que levam os consumidores a desejarem um bem e o que leva os ofertantes a desejarem produzir esse bem, a lei da oferta e da procura deu origem a três teorias, as quais são a base do estudo da microeconomia nas graduações, mestrados e doutorados.

Essa lei é tão forte, que até mesmo dentro do mercado de capitais ela é a responsável por definir os preços dos principais ativos, sejam eles de renda variável ou de renda fixa.

Teoria do consumidor

A teoria do consumidor é a primeira a ser estudada em qualquer curso de economia pelo país. Seu principal objetivo é esclarecer, via teoria da utilidade, como os consumidores definem os seus desejos de compra.

Dessa forma, a premissa básica da teoria é a de que os consumidores são racionais e, por essa razão, eles “calculam” qual dos bens escolher com base naquele que irá gerar a maior utilidade, que pode ser esclarecida como um maior benefício.

Importante lembrar, que para formular esse estudo e, dessa maneira, chegar às preferências dos consumidores, são consideradas as suas preferências, a sua restrição orçamentária, ou seja, o quanto de recursos estão disponíveis para o consumo e qual é a demanda do mercado pelo bem.

Teoria da empresa ou da firma

Para compor a componente da oferta, é necessário estudar o comportamento das empresas. Com isso, o estudo da microeconomia reúne as principais características intrínsecas a uma empresa, sendo elas o seu capital e o trabalho empregado para a produção.

A partir desses insumos, é possível mensurar a capacidade de produção de uma empresa e, somando as expectativas de mercado no que diz respeito à demanda dos consumidores, os economistas chegam a produção ótima da firma.

Essa produção ótima está relacionada à maximização do lucro das empresas, encontrado a partir de métodos matemáticas em cima da subtração entre as receitas e as despesas existentes dentro de uma empresa.

Teoria da produção

Por sua vez, a teoria da produção estuda como os fatores de produção, aqui entendidos como a mão de obra, os insumos, os bens de capital e toda a estrutura necessária à produção, são empregados para transformar a matéria-prima em produto final.

Para isso, os economistas utilizam as famosas funções de produção, geradas, de forma básica, com os componentes trabalho, capital e tecnologia, as principais variáveis para o processo de produção dos bens em uma economia.

Como a microeconomia afeta o mercado financeiro?

No mercado financeiro, sempre que você opta por algum investimento, automaticamente você está abrindo mão de outro. Como vimos, essa é a síntese de custo de oportunidade. E, por se tratar de uma movimentação pessoal ou particular, também é de microeconomia.

Aplicar na poupança, por exemplo, vai garantir que ao final do mês seguinte você possua mais recursos do que no início do mês, por conta do incremento de juros. Importante lembrar, que no caso de aplicações em ativos de renda variável, essa garantia de maior montante de recursos no fim do mês não acontece.

Por outro lado, se no período de 30 dias as ações tenham rendido mais do que a poupança, você terá deixado escapar uma chance de ganhar mais.

Ampliando a escala, se investidores – de todos os tamanhos – optam por aplicar seu dinheiro em um lugar em vez de outro, isso afeta a economia. E essa decisão passa pelo estudo da situação econômica de empresas, de previsões futuras sobre elas, de riscos, etc.

Dando um exemplo prático, podemos pegar a produção de trigo, o qual se trata de um produto muito importante em exportação. Em épocas de safra baixa, os produtores têm de decidir se é mais rentável exportar ou vender no mercado interno.

Ao analisar essa movimentação, agentes do mercado financeiro também têm de decidir se apostam em aplicações no país ou fora dele. A lei da oferta e da demanda fica mais clara aqui. De trade-off e custo de oportunidade, também. Ou seja, trata-se de pura microeconomia.

Como a microeconomia afeta uma empresa?

Apesar de muitos acreditarem que não seria necessário para o seu negócio entender como os principais agentes da economia pautam seus desejos, o estudo da microeconomia é fundamental para que as empresas alcancem o máximo de seus lucros, sempre se pautando nas necessidades dos consumidores.

Por essa razão, saber identificar o que a redução do preço de um produto gera nas expectativas de consumo e, principalmente, em sua margem de lucro, é sem dúvidas a principal função da microeconomia dentro de um negócio.

Assim, para aquelas empresas com uma forte influência no mercado, reduzir os seus preços em uma margem aceitável que mantenha os seus lucros, pode criar um efeito dominó nas demais empresas concorrentes, que também derrubaram seus preços.

Com isso, se as concorrentes não têm margem para redução e, a sua empresa consegue incorporar a demanda dela, uma redução nos preços pode até mesmo aumentar os lucros.

Mas para ser possível entender se um negócio consegue atender a demanda residual das demais empresas, a definição de sua função de produção é essencial, pois com ela será possível determinar qual a sua capacidade máxima de produção.

Entretanto, apesar de ser fundamental, a microeconomia sozinha não faz milagre, daí para alcançar sucesso nos negócios utilizar a macroeconomia em conjunto possibilitará a tomada de melhores decisões e, consequentemente, maiores chances de sucesso para o seu empreendimento.

Guilherme Almeida
Guilherme Almeida
Bacharel em Economia e Especialista em Finanças Corporativas e Mercado de Capitais pelo Ibmec-MG. Mestrando em Estatística pela UFMG, atua como professor, palestrante e porta voz das áreas de economia e finanças, tendo concedido mais de mil entrevistas para os principais meios de comunicação. Atualmente, leciona matérias ligadas à Economia e ao Mercado Financeiro em cursos preparatórios para certificações financeiras, além de ser o Economista-Chefe do departamento de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG).