Para quem busca fazer uma boa análise de investimento antes de alocar o capital é necessário ter conhecimento sobre os principais indicadores financeiros e metodologias usadas por grandes investidores, como o modelo de Gordon.
O modelo de Gordon, método de precificação de ações criado em 1956, por Myron J. Gordon e Eli Shapiro, tem influência na utilização da análise fundamentalista.
O que é o modelo de Gordon
O modelo de Gordon, também conhecido como modelo de crescimento de Gordon, é um método de precificação de ativos. Para isso, são consideradas as projeções de pagamento de dividendos futuros por parte da empresa, de forma que isto é analisado com base no histórico da empresa em relação à distribuição de dividendos aos seus acionistas.
Todavia, por se tratar de um dado de estimativa, isto é, baseado em premissas de que a empresa e mercado se portarão de uma forma constante, é necessário ter cuidado ao utilizar o método de Gordon.
Especialmente porque a definição de pagamentos de dividendos parte da empresa, portanto se torna uma medida arriscada tentar prever como isto acontecerá no futuro.
Contudo, Gordon e Shapiro defendiam que o cálculo utilizado para se realizar este método, quando aplicado em empresas consolidadas no mercado, possibilitaria a descoberta de bons negócios da bolsa de valores.
Dessa forma, entender este cálculo se torna um passo importante na compreensão do modelo de crescimento de Gordon.
Cálculo
Para se chegar ao preço justo de uma ação ou ativo do mercado financeiro através do método do Gordon é utilizado a seguinte equação:
P = Dividendos por ação/ (K-G)
No qual:
- “P”: representa o valor justo de uma ação ou ativo;
- “Dividendos por ação”: o valor de dividendos por ação que é esperado no período dos próximos 12 meses;
- “K”: taxa de desconto que o investidor deve considerar para este ativo;
- “G”: taxa de dividendos que a empresa pagará ao longo dos anos.
Entendido como é o cálculo, é possível compreender como é a melhor forma de utilizá-lo.
Formas para utilizar o método de Gordon
Para se utilizar o método de Gordon há a necessidade de considerar três fatores. São eles:
- Dividendos que serão pagos no período dos próximos 12 meses;
- Taxa mínima que o investidor espera de retorno;
- Taxa de crescimento de dividendos que acontecerá nos próximos anos.
Através desses três pontos é possível chegar à precificação justa, de acordo com o modelo, por uma ação ou ativo.
Portanto, imagine o seguinte exemplo:
Uma determinada empresa pagará R$2 por ação em dividendos aos seus acionistas no próximo ano. No que lhe concerne, o acionista espera ter 20% de rendimento no negócio, além disso, ele projeta que a taxa de dividendos deve crescer 4% ao longo dos anos.
Ao utilizar o modelo de Gordon, este investidor chegar a seguinte equação:
P = 2/(20% – 4%)
Assim, segundo este método, o valor justo a se pagar por uma ação seria de R$12,50. Com este valor se torna possível interpretar se aquela ação é um bom negócio ou não quando utilizado este conceito de precificação de ativos.
Contudo, os três fatores utilizados para se chegar a este resultado são baseados em projeções. Dessa forma, é necessário ter cuidados ao utilizar o modelo de crescimento de Gordon.
Cuidados com método de Gordon
Por considerar suposições, o modelo de Gordon possui uma série de limitações, especialmente porque ao se tratar de investimentos de renda variável são necessários determinados cuidados.
Dos quais é possível destacar:
- Imprevisibilidade dos dividendos;
- Rentabilidade pode mudar ao longo do tempo;
- Custo do capital deve ser maior que a taxa de dividendos;
- Inutilidade em determinados contextos.
Imprevisibilidade dos dividendos
A empresa e seu conselho administrativo são os responsáveis por definir o quanto a empresa pagará de dividendos, portanto é natural que este dado não seja previsível.
Além disso, o histórico de pagamentos de dividendos da empresa não necessariamente indicam que aquele valor será constante ao longo dos anos.
Por isso, é necessário entender tais pontos ao se analisar o método de Gordon, afinal esse é um dos pontos de maior limitação deste indicador.
Rentabilidade pode mudar ao longo o tempo
O mercado financeiro é um ambiente no qual suas empresas tendem a apresentar expectativas de retorno diferentes, portanto é natural que sua rentabilidade mude ao longo do tempo.
Além disso, as variações econômicas também afetam este dado, ou seja, constantemente as empresas refazem suas expectativas de rentabilidade de acordo com o cenário financeiro.
Custo do capital deve ser maior que a taxa de dividendos
Em situações em que o custo do capital próprio da empresa é inferior à taxa de crescimento dos dividendos, o modelo de crescimento de Gordon deixa de ser útil.
Inutilidade em determinados contextos
Em contexto no qual a empresa tem problemas financeiros ou expectativa de prejuízo, o método de Gordon deixa de ter utilidade.
Portanto, cabe ao investidor ou profissional da área entender cada um desses contextos e, especialmente, saber se o modelo de Gordon terá utilidade ou será efetivo nessas situações.
Importância do método de Gordon para o profissional do mercado financeiro
Como visto até aqui, o método de Gordon é uma das métricas relevantes do mercado.
Dessa forma, é natural que este conceito seja uma ferramenta de relevância para aqueles que trabalham no mercado financeiro, especialmente para aqueles que utilizam a análise fundamentalista em suas análises.
Afinal, conseguir chegar mais próximo ao valor justo de uma ação e projetar o pagamento de dividendos é de grande utilidade para quem atua profissionalmente na área.
Todavia, como também foi visto, este é um método “recheado” de buracos, visto que são considerados conceitos subjetivos em sua construção.
Portanto, o modelo de Gordon é relevante para quem busca trabalhar no mercado financeiro e ter sucesso na área, porém, é necessário cuidado ao utilizá-lo.