MVA: entenda como mensurar a lucratividade de um negócio

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MVA: entenda como mensurar a lucratividade de um negócio


Mensurar o valor de uma empresa é um passo fundamental para quem deseja ter sucesso no mercado financeiro, afinal a prática evita riscos e potencializa os ganhos. E, uma das formas para se realizar esta atividade, é utilizando o MVA. 

Isso porque o MVA é um dos principais indicadores relacionados ao real valor de um negócio, assim é natural que seja uma métrica popular no setor, sendo um dos temas de estudo para aqueles profissionais que realizam exames de certificação da Ancord. 

O que é o MVA?

MVA é a sigla para Market Value Added, em português Valor de Mercado Adicionado.

Ele é um indicador financeiro que analisa o valor de mercado de um negócio naquele momento e o dinheiro que foi investido naquela companhia, para isso, são consideradas as diferenças entre os dois fatores. 

Assim, é possível perceber que o Valor de Mercado Adicionado representa a diferença existente entre o valor atual da em empresa e o montante de capital investido no negócio por terceiros. 

Tal diferença serve para apontar a capacidade de novos aportes que um negócio possui e seu potencial financeiro. 

Portanto, é necessário ter o entendimento sobre como calcular o MVA, afinal este é o dado com utilidade para quem atua no mercado. 

O que é a MVA ajustada? 

Quando partimos para o componente contábil da MVA, tem-se o conceito de market value added ajustada. 

Essa métrica, nada mais é do que considerar, no momento de realizar os cálculos, as questões relativas à substituição tributária, ou seja, a diferença entre as alíquotas de impostos cobrados entre os estados brasileiros. 

Essa substituição é utilizada, principalmente, no caso do ICMS, uma vez que cada um dos estados da nação define qual será a sua alíquota, a qual tende a atrair ou a repelir empresas. 

Dessa maneira, a depender do estado em que a empresa atue, ela poderá apresentar maiores ou menores margens, o que impacta diretamente nos resultados do negócio e, consequentemente, em seu valor de mercado.

Como funciona a MVA? 

O market value added funciona como uma forma dos investidores mensurarem se é ou não momento de investir em uma empresa, seja ela de capital aberto ou não, com base na sua lucratividade, tanto da empresa quanto de produtos individuais.

Dessa maneira, para que seja possível tomar a decisão de investimento, após calcular o indicador o investidor irá se deparar com dois cenários base, um onde o MVA é positivo e outro onde ele é negativo. 

Assim, o investidor deve ficar muito atento aos rumos e aos planos implementados pela governança corporativa, visto que eles impactam de forma direta o valor adicionado pela operação e pela evolução do negócio com o passar dos anos. 

Com isso em mente e, utilizando análises intrínsecas ao negócio e ao setor em que ele está, será possível tomar melhores decisões de investimentos. 

Qual a importância do MVA Margem de Valor Agregado? 

Investir em ativos de renda variável, mais especificamente em ações, tem como pano de fundo a análise quantitativa e qualitativa das empresas e, após esse processo, decide-se pela alocação ou não nos ativos. 

Apesar disso, muitos tendem a olhar e, dessa maneira, analisar, apenas os lucros que a companhia está gerando, sem se atentar às características como governança e liderança no negócio, que são tão ou mais importantes do que os lucros auferidos. 

Dessa forma, ao utilizar o MVA, o investidor, independente de apresentar ou não experiência consegue mensurar, além do impacto da governança corporativa e da liderança no negócio, como ela está utilizando os recursos, via investimentos e gerando valor de mercado. 

Portanto, se você quer investir em determinada ação e não sabe como mensurar se ela seria ou não um bom investimento, utilizar o MVA será o diferencial para encontrar os melhores investimentos, levando em consideração muito além dos números da empresa. 

Cálculo do Valor de Mercado Adicionado 

Como foi possível perceber, a equação que envolve este indicador não é tão complexa. 

Dessa forma, temos que a fórmula do Market Value Added é a seguinte: 

  • MVP = V – K 

No qual, ao destrinchar esta equação, temos as seguintes informações: 

  1. MVP – Market Value Added; 
  1. V – Valor da dívida e do patrimônio de um negócio, isso é, o valor de mercado da empresa naquele momento; 
  1. K – O montante de capital que está investido naquela companhia por parte dos investidores. 

Assim como é relevante entender o cálculo necessário para se chegar ao Valor de Mercado Adicionado, também é importante saber interpretar os resultados desta conta. 

MVA: entenda como mensurar a lucratividade de um negócio

Interpretação 

O resultado do Valor de Mercado Adicionado pode apontar informações relevantes sobre o potencial de um negócio para o investidor. 

Para isto, é necessário entender os resultados do cálculo do MVA. Dessa forma, temos que: 

  • Valor positivo do MVA – quando o resultado da equação for positivo, temos que a empresa possui valor agregado, sendo que seu Valor de Mercado Adicionado aumentou; 
  • Valor negativo do MVA – quando o resultado da equação for negativo, temos que a empresa perdeu valor agregado, sendo que seu Valor de Mercado Adicionado diminuiu. 

Ou seja, pela ótica do que interessa ao investidor, é necessário observar se o valor agregado é superior se comparado à capacidade total de aporte que os acionistas teriam a possibilidade de fazer no negócio. 

Afinal, esta é uma forma de demonstração da capacidade que a empresa possui financeira e de sua eficiência na gestão de recursos. 

Ainda vale ressaltar que o resultado é ajustado de acordo com a alavancagem que a companhia possui de acordo com o mercado. 

Além disso, temos que outro ponto relevante para se entender é a comparação entre MVA x EVA

MVA x EVA 

Ainda que sejam indicadores semelhantes, existem diferenças substanciais entre estes dois dados. 

Dessa forma, é importante que o investidor esteja atento a elas e saiba qual o melhor contexto para se utilizar cada um. 

Sigla para Economic Value Added, em português Valor Econômico Agregado, o EVA é um indicador que aponta o lucro econômico que um negócio obteve durante determinado período. 

Ou seja, o EVA é um medidor de desempenho com base na riqueza gerada pelo negócio. Vale ressaltar que neste valor são descontados o custo do capital que foi investido do seu lucro operacional. 

Assim, o Valor Econômico Agregado é um indicador das diferenças que existem no lucro operacional líquido da empresa. Diferente do MVA, que é focado na análise acerca do valor de mercado. 

Em suma, o grande objetivo do EVA é apontar que o investimento só é vantajoso caso ele gere maior retorno sobre o capital que foi investido. 

Para isso, o Valor Econômico Agregado considera três fatores. São eles: 

  • Lucro operacional líquido; 
  • Soma da dívida com o patrimônio líquido, isso é, capital total investido; 
  • Custo Médio Ponderado de Capital, também conhecido como WACC. 

Do mesmo modo que o Valor de Mercado Adicionado, o EVA também é um dado relevante no momento de se entender o potencial de um negócio. Não à toa é uma ferramenta utilizada por profissionais da área, como o analista financeiro, por exemplo. 

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MVA x IVA 

Ao iniciar os estudos sobre a market value added é muito comum se deparar com o conceito de Índice de Valor Adicional, conhecido como IVA.

Entretanto, apesar de serem siglas diferentes, ambos os indicadores representam a mesma coisa, ou seja, estão ligadas a gestão tributária das empresas e tem como foco mensurar a lucratividade dos negócios e dos produtos.

Dessa forma, do mesmo modo que as alíquotas para o ICMS mudam de estado para estado, o nome do indicador também varia de acordo com a determinação das Secretarias de Fazenda de cada uma das unidades da federação.

É muito importante lembrar que o MVA existe tanto no âmbito econômico, para mensurar o valor agregado de uma empresa no que diz respeito ao seu valor de mercado e o valor para iniciar o negócio, além do âmbito contábil, onde é levado em consideração a substituição tributária.

Em quais tipos de empresas a MVA é aplicada? 

Uma vez que a MVA, entendida do ponto de vista contábil, busca mensurar qual é a margem de lucro dos produtos já contando os impostos, para aplicar esse indicador é necessário se atentar se a empresa é ou não identificada como uma substituta. 

Entre os ramos em que a métrica pode ser utilizada se destacam a indústria e o setor de fábricas, a depender se elas se enquadram no regime de substituição tributária. 

Em suma, empresas que fabricam veículos de duas ou três rodas motorizadas, cimentos, tintas, bebidas alcoólicas entre outras, encaixam-se no rol das companhias que podem se beneficiar da substituição tributária.

Portanto, antes de sair utilizando esse indicador para comparar a lucratividade de produtos dentro da empresa ou entre empresas, consultar um contador para identificar se ela se enquadra ou não no regime de substituição é o primeiro e mais importante passo.

Importância do MVA para o profissional do mercado financeiro 

É comum que a lucratividade de um negócio seja um dos fatores mais comuns para se analisar, especialmente para investidores mais iniciantes. 

Isso porque há uma ideia de que através da lucratividade é possível se ter ideia se aquela empresa pode ser um bom negócio para se investir. O que não está errado. 

Contudo, este não pode ser o único fator considerado. 

Dessa forma, o MVA é um indicador interessante para quem está analisando investimentos, pois, além de considerar a capacidade lucratividade de um negócio, este dado traz outras informações sobre um negócio. 

Afinal, o Valor de Mercado Adicionado é uma forma de mensurar como estão as atividades da empresa internamente. 

Ou seja, quando este valor é elevado, é possível considerar a capacidade que os responsáveis pela empresa têm, além de uma capacidade operacional eficiente. 

Além disso, em contextos em que este valor cresceu ao longo do tempo, ainda é possível perceber as competências da empresa em se manter competitiva no mercado. 

Fator que atrai o olhar de diversos profissionais da área, afinal, este pode ser um negócio com bom potencial. 

Todavia, este mesmo profissional deve ter alguns cuidados. 

Exemplos de Margem de Valor Agregado no mercado financeiro 

Existem diversos exemplos que podem ser elencados para facilitar o entendimento do MVA. Nesse sentido, pense em um investidor que, Ao começar a análise de uma empresa do setor petroquímico, se depara com os seguintes dados:

  1. Valor de mercado da empresa (número de ações vezes preço) de 2 bilhões de reais;
  2. Dívida da empresa: 500 milhões de reais;
  3. Capital inicial para abertura da empresa: 1,8 bilhões de reais

Nesse caso, ao utilizar a fórmula MVA = V – K, o investidor encontra que a empresa apresenta um MVA de 700 milhões, ou seja, os administradores e controladores da empresa agregaram valor ao longo do tempo no processo produtivo.

Por outro lado, imagine uma empresa do setor de telecomunicações, avaliada em cerca de 1 bilhão de reais e com uma dívida de 2 bilhões. Para dar início às operações foram necessários cerca de 5 bilhões de reais.

Ao calcular o MVA dessa empresa, o investidor se depara com o resultado de – 2 bilhões de reais, o que demonstra que os administradores e os controladores da empresa não está gerando valor ao negócio e, muito menos, aos acionistas.

Com essas informações e podendo optar por colocar em sua carteira de investimentos apenas um desses ativos, o investidor certamente irá optar por aquele negócio em que existe um valor agregado positivo.

Cuidados com Valor de Mercado Adicionado 

Como visto até aqui, o MVA é um cálculo de utilidade para o investidor e para aquela pessoa que atua profissionalmente na área. 

Contudo, utilizar esta métrica isoladamente pode fazer com que a análise seja incompleta, podendo assim subestimar o potencial do negócio. 

Isso porque o Valor de Mercado Adicionado é focado apenas na análise de patrimônio e dívida, desconsiderando dados como pagamentos feitos em dinheiro, por exemplo. 

Portanto, o profissional da área, seja ele um planejador financeiro ou um corretor de investimentos, deve utilizar o MVA junto de outros indicadores, o que faz com que a análise seja mais completa e assertiva. 

 

Guilherme Almeida
Guilherme Almeida
Bacharel em Economia e Especialista em Finanças Corporativas e Mercado de Capitais pelo Ibmec-MG. Mestrando em Estatística pela UFMG, atua como professor, palestrante e porta voz das áreas de economia e finanças, tendo concedido mais de mil entrevistas para os principais meios de comunicação. Atualmente, leciona matérias ligadas à Economia e ao Mercado Financeiro em cursos preparatórios para certificações financeiras, além de ser o Economista-Chefe do departamento de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG).