Required Rate of Return (RRR): entenda como funciona e como calcular esse indicador

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Investir está relacionado a balancear segurança, rentabilidade e liquidez. Nesse sentido, buscando entender qual é a taxa que permite ao investidor encontrar segurança e rentabilidade em um ativo, o mercado utiliza o Required Rate of Return.

Dessa maneira, entender o que é o Required Rate of Return, bem como quais são as formas de calculá-lo e como o investidor deve interpretar, é essencial para a tomada de melhores decisões na hora de investir.

O que é o RRR?

O Required Rate of Return, também conhecido como Hurdle Rate ou até mesmo como Taxa Mínima de Atratividade (TMA), é um indicador que visa demonstrar o retorno mínimo que um investidor deve requerer dado um nível de risco.

Desse modo, quando um investidor deseja avaliar a atratividade de um investimento, geralmente em ações, ele deve estabelecer qual será a taxa mínima de retorno aceitável para que a alocação seja benéfica aos seus objetivos.

Assim, caso o retorno de um investimento seja maior do que a taxa mínima exigida pelo investidor, será benéfico correr o risco de alocar os recursos no ativo, entretanto, se ela for menor, não valerá a pena correr o risco.

Importante lembrar que além de ser uma excelente métrica para o investimento em ações, o indicador Required Rate of Return pode ser utilizado nas finanças corporativas como forma de mensurar a rentabilidade de projetos de investimento.

Portanto, independente da forma como ele é mencionado, seja RRR, TMA ou Hurdle Rate, o foco desse indicador é dar subsídios a tomada de decisão dos investidores no momento de alocar recursos.

Como é calculado o RRR?

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Para alcançar os valores da taxa mínima de atratividade, o investidor pode recorrer a mais de uma forma de cálculo.

Nesse sentido, para aquele investidor focado na geração de renda passiva, ou seja, no recebimento de dividendos, uma alternativa para encontrar o RRR é o modelo de desconto de dividendo, conhecido como modelo de Gordon.

Por outro turno, existe uma segunda forma de mensurar o retorno de um ativo, conhecido como Capital Asset Price Model (CAPM), o qual apresenta inúmeros desdobramentos.

Modelo de Gordon

O modelo de Gordon foi desenvolvido em 1956 pelos autores Myron J. Gordon e Eli Shapiro. A premissa básica para o desenvolvimento do modelo é a estimação dos dividendos futuros que uma empresa irá pagar.

Importante frisar, que apesar de ser um modelo que busca estimar os dividendos futuros, sua base é o que ocorreu no passado e, dessa forma, utiliza-se a ideia de que o que aconteceu no passado tende a ocorrer no futuro.

Com isso, o modelo de Gordon tem como objetivo trazer a valor presente os dividendos futuros da empresa que irão crescer a uma taxa constante, pautada no crescimento passado.

A equação para encontrar o retorno a ação com base nos dividendos leva em consideração os seguintes parâmetros:

  • Os dividendos por ação;
  • Qual será a taxa de crescimento dos dividendos;
  • E a taxa de retorno que o acionista/investidor exige da empresa.

Com essas informações o investidor pode utilizar a seguinte fórmula, onde K representa a taxa de desconto e G a taxa de crescimento dos dividendos na perpetuidade:

Preço = Dividendos por ação / (K – G)

Assim, como o foco para o caso em análise não é descobrir o preço justo da ação, mas sim qual será a taxa de retorno esperada, a fórmula, com vistas a calcular o indicador RRR, é a seguinte:

K = (Div/Preço) + G

Dessa forma, para o caso de uma empresa que possui suas ações cotadas a R$ 40,00, dividendos para o próximo período de R$ 0,20 e um crescimento do valor dos dividendos na perpetuidade de 5%, o RRR será de 5,5%.

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Portanto, é só dividir o dividendo esperado pela cotação da ação e somar a taxa prevista de crescimento dos dividendos.

Capital Asset Price Model (CAPM)

A segunda forma, e que apresenta uma infinidade de variações desenvolvidas ao longo das décadas, é o Capital Asset Price Model (CAPM).

Esse modelo é útil para aqueles investidores que não estão preocupados com a alocação em ações que pagam dividendos.

Todo o seu desenvolvimento teórico teve como base as contribuições da Teoria Moderna do Portfólio de Markowitz, que apresenta como premissas:

  1. Decisões de investimento são baseadas com base na relação de risco e retorno;
  2. O investidor deverá otimizar o seu portfólio;
  3. O modelo tem como objetivo estabelecer quais são os níveis de risco e retorno atrelados a cada investimento.

Dessa maneira, com base nessa teoria foi desenvolvida a seguinte fórmula:

RRR = Taxa de Retorno sem Risco + Beta 1 (Taxa de Retorno do Mercado – Taxa de Retorno sem Risco)

Os valores para o Beta estão no intervalo de -1 a +1, sendo os pontos extremos aqueles que demonstram a maior ou menor relação com a carteira de mercado.

Dessa forma, o Beta da fórmula diz respeito ao risco do ativo ou do investimento de longo prazo. Assim, seu valor visa demonstrar se uma ação é defensiva, agressiva ou acompanha o mercado.

Além do índice Beta, tem-se a taxa de retorno sem risco, que nada mais é do que uma estimativa. Por esse motivo, o mercado convencionou que ela seria calculada com base no retorno dos títulos de dívida pública em um intervalo de tempo.

Soma-se a isso, a taxa de retorno do mercado, é pautado na distribuição de retorno dos ativos que replicam de forma passiva índices de ações, os denominados ETFs, que para o caso do Brasil é o Ibovespa.

Assim, para um beta de 1, isto é, uma ação que acompanha o mercado, um retorno de mercado de 8% e uma taxa livre de risco de 3%, o retorno mínimo exigido para o ativo será de 8%.

Portanto, utilizando o Capital Asset Price Model (CAPM) o investidor consegue estimar qual é a relação entre o risco e o retorno de um ativo e, dessa maneira, tomar decisões a respeito da alocação ou não em determinadas ações ou projetos.

Modelo Fama e French de 3 fatores

Apesar de muito utilizado, é importante mencionar que o CAPM passou por diversas evoluções, passando desde o modelo pautado no consumo, desenvolvido pelo economista Lucas, até os modelos de três e cinco fatores elaborados por Fama e French.

Os dois últimos apresentam uma maior aderência a realidade do mercado, uma vez que adicionam ao modelo original questões como o retorno do mercado, o índice small minus bigs (SMB) e o high minus low (HML).

Esses dois parâmetros adicionais são calculados via construção de seis carteiras de long and short, pautadas na intersecção entre os critérios valor e tamanho das empresas negociadas em bolsa de valores.

Assim, o SMB é calculado utilizando a média dos retornos das empresas pequenas subtraindo da média dos retornos das empresas grandes.

Por outro turno, o HML é calculado a partir da média dos retornos das empresas de valor subtraído pela média do retorno das empresas de crescimento, ou seja, as small caps.

Por se tratar de um modelo com mais variáveis, o retorno mínimo exigido pelo investidor será mais aderente do que aquele encontrado via modelo clássico do CAPM ou via modelo de dividendos desenvolvido por Myron J. Gordon e Eli Shapiro.

Qual a forma de analisar o Required Rate of Return?

A análise do indicador Required Rate of Return é subjetiva, uma vez que tem como pano de fundo o perfil de investidor de cada agente.

Nesse sentido, além de saber qual é o seu perfil de investidor, é necessário levar em consideração quais são as preferências de risco e retorno do agente e quais são as expectativas em relação a estrutura de capital e a inflação do país.

A partir disso, seja via Modelo de Gordon ou Capital Asset Price Model (CAPM), o retorno mínimo exigido pelo investidor estará sempre relacionado as características intrínsecas ao ativo e as suas preferências.

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Desse modo, ao utilizar essa métrica o investidor está buscando alinhar a sua decisão a dois itens presentes no tripé de investimentos indicado no início do artigo, segurança e rentabilidade.

Considerações Finais

 A busca pela alocação eficiente de recursos com foco na melhor relação entre risco e retorno não é um anseio novo dos investidores. 

Por esse motivo, a busca por modelos que ajudassem a estimar o retorno mínimo de um ativo se intensificaram na década de 1950 e 1960.

Com isso, foram desenvolvidas inúmeras metodologias, as quais podem apresentar resultados bem divergentes entre si, mas que permitem ao investir alocar os recursos com maior segurança e rentabilidade.

Importante salientar, que apesar de ser uma excelente métrica, assim como todos os outros indicadores do mercado, ele não deve ser utilizado de forma individual.

Dessa forma, sua contribuição se intensifica a partir do momento em que são adicionados outros parâmetros, deixando a análise robusta.

Assim, utilizando o Required Rate of Return os investidores estimam, seja pelo modelo de dividendos de Gordon ou pelo Capital Asset Price Model e suas variações, qual é a sua taxa mínima de retorno exigida.

Guilherme Almeida
Guilherme Almeida
Bacharel em Economia e Especialista em Finanças Corporativas e Mercado de Capitais pelo Ibmec-MG. Mestrando em Estatística pela UFMG, atua como professor, palestrante e porta voz das áreas de economia e finanças, tendo concedido mais de mil entrevistas para os principais meios de comunicação. Atualmente, leciona matérias ligadas à Economia e ao Mercado Financeiro em cursos preparatórios para certificações financeiras, além de ser o Economista-Chefe do departamento de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG).